A primeira morte física ocorrida no planeta terra foi a de Abel, um homem, a respeito de quem a Bíblia diz: “Abel tornou-se pastor de ovelhas”(Gn.4:2).

Abel era um pastor, e foi assassinado pelo próprio irmão, Caim. O irmão agricultor matou ao irmão pastor. Por que o fez? Movido por inveja. E porque matou ao pastor Abel, Caim recebeu de Deus uma sentença: “Agora amaldiçoado é você pela terra, que abriu a boca para receber da sua mão o sangue do seu irmão. Quando você cultivar a terra, esta não lhe dará mais da sua força. Você será um fugitivo errante pelo mundo”(Gn.4:11,12).

Quando alguém se move em inveja, passa a ser um feiticeiro, assassina ao companheiro, e se torna um Caim, isto é, um errante, um “sem direção”.

Todo aquele que mata um pastor, por mais que procure firmar-se em algum lugar, ou realizar alguma coisa, sempre estará desnorteado, sem firmeza, sem graça, porque passa a carregar sobre si um estigma determinado por Deus, que é o de viver errante.

O pastor de ovelhas Davi estava vivendo fugitivo em terra estranha, por causa da perseguição de Saul. Tendo voltado para Ziclague após uma vitória sobre os amalequitas, chegou-se a ele um homem trazendo-lhe a notícia da morte de Saul, de Jônatas e de mais dois outros filhos do rei. Ao chegar, aquele homem afirmou que encontrara a Saul agonizando no campo de batalha, por se ter lançado sobre a própria espada, e que por ainda estar vivo, suplicou-lhe que o matasse, e que ante a súplica, ele o fizera. Diante desta informação Davi levantou-se indignado e lhe disse:

“Como não temeste estender a mão para matares o ungido do Senhor?

Então chamou Davi a um dos moços, e lhe disse: Vem, lança-te sobre esse homem. Ele o feriu, de sorte que morreu” (2Sm.1:14,15).

Há muitas maneiras de se matar uma pessoa.

Pode-se matá-la fisicamente, através de uma arma qualquer. Mas, pode-se matá-la em sua reputação, através de palavras difamatórias inverídicas, ou através de comentários que exponham a fragilidade do outro; mata-se através de pré-julgamentos tendenciosos e difamatórios; mata-se, ao comentar com outras pessoas informações chegadas, porém não averiguadas; mata-se, ao abrir o ouvido para receber conversas vindas de alguém, e remoê-las no coração com uma ponta forte de dúvida a respeito da pessoa citada; mata-se, através da preservação de mágoa, de ressentimento por um erro cometido; mata-se, através da falta de perdão, e da preservação de sentimento de vingança; mata-se, afastando-se emocionalmente daquele que já foi tão usado como um canal de bênção em tantas vidas. Mas mata-se.

Ungidos têm sido atingidos, e muitos têm morrido por dentro, embora continuem vivos por fora, mas carregando em si grande dor. Assim, vão perdendo a graça da vida, e amargurados definham em seu vigor espiritual, emocional e físico, e morrem.

Todo aquele que ferir ao ungido do Senhor precisa resolver a questão com Deus e com o ungido o mais rápido possível, a fim de que não venha colher o resultado desastroso de suas ações inadequadas.

O caminho adequado é: conversar sinceramente com o atingido e, arrependido, confessar a falta, e restaurar o relacionamento. A parte que cabe ao atingido é declarar perdão ao ofensor, confortar-lhe o coração, e restaurá-lo à comunhão, como o Pai Eterno faz conosco. Vemos isto em Simei e em Davi.

“... e lhe disse: não me imputes, Senhor, a minha culpa, e não te lembres do que tão perversamente fez teu servo, no dia em que o rei meu SENHOR saiu de Jerusalém; não conserves, ó rei, em teu coração. Porque eu, teu servo, deveras confesso que pequei.

Então Abisai, filho de Zeruia, disse: ‘Simei amaldiçoou o rei o ungido do Senhor; ele deve ser morto!’ Davi respondeu: ‘Que é que vocês têm com isso, filhos de Zeruia? Acaso se tornaram agora meus adversários?

Então disse o rei a Simei: não morrerás. E lhe jurou” (2Sm.19:19,20,23).